:: A Confrontação Coletiva a Urano & Neptuno 2020
- Vanessa Assunção
- 22 de jun. de 2020
- 4 min de leitura
Atualizado: 1 de jul. de 2020
O ingresso de Saturno em Aquário e o re-alinhamento da Visão Coletiva (Neptuno em Peixes) com a Natureza Humana (Urano em Touro)
Ao longo do importante trânsito de Vénus em Gémeos, alinhado com o ingresso do Nodo Norte coletivo neste signo e com o ingresso de Saturno em Aquário, esta vai fazer aspetos exatos com Urano em Touro e Neptuno em Peixes.
Estes aspetos ajudam-nos a contextualizar o seu trânsito, revelando o seu propósito de questionar a forma como nos relacionamos connosco próprios e com os outros, ao trazer revelações (Urano) e desilusões (Neptuno) que confrontarão os sistemas estabelecidos (Saturno).
Mais que isso, estes trânsitos vão direcionar a nossa atenção coletiva para a vital e iminente crise ecológica e de sobrevivência da nossa espécie (Urano em Touro), que irá necessariamente confrontar-nos com as ilusões patriarcais (quadratura de Neptuno à grande conjunção em Capricórnio) que têm sido tão religiosamente implementadas no nosso inconsciente coletivo.
Poderão fazer-nos perceber que o Dogmatismo, Absolutismo e Abuso generalizado daquilo que é a Natureza Humana, por tanto tempo perpetuado por Religiões ditas espirituais, foi apenas transferido para um conto de fadas capitalista, onde o poder económico e financeiro tomou o lugar do mesmo Deus que, nos tempos medievais, nos foi apresentado como um terrível poder que deveríamos temer, por aqueles que eram os principais praticantes de tudo aquilo que nos era pregado como pecados mortais. Esse terrível e temível poder absoluto é agora representado por cada crise económica que pretende mostrar-nos como cairemos na miséria e desgraça quando não contribuimos para esse sistema que continua, após tantos séculos, a separar-nos como coletivo e a instigar a competição e a separação.
Seremos capazes de reconhecer que aqueles que nos convencem que os monopólios económicos e financeiros, que nos excluem do direito a ter uma vida digna com base na nossa ambição material (ou falta dela) e no nosso racionalismo (ou falta dele), são os mesmos que nos obrigaram a aceitar uma religião dogmática, que pregava mensagens distorcidas, sob ameaça de morte. Aqueles que nos queimavam em fogueiras e torturavam se recusássemos aceitar a subjugação a um Sistema Patriarcal, que nos transformou num "rebanho" obediente ao martírio e ao sacrifício, como única forma de escaparmos a esse temido "Dia do Juízo Final".
Mantenham o enredo e mudem o cenário para uma dita sociedade tecnologicamente evoluída, e percebam como essa subjugação é agora feita a um sistema de crenças que nos mantém às voltas em ciclos de ilusão de riqueza e de medo da miséria. O batismo forçado toma agora a forma de créditos financeiros que temos de aceitar se quisermos ter o privilégio de ter um tecto ou sermos aceites por aqueles que olham para nós e vêm apenas os adereços com que nos decoramos.
O arquétipo da Mulher Virtuosa, tão pregado em inúmeras missas nos últimos séculos, vive ainda no julgamento da aparência física e na violência sexual a decorrer continuamente, a toda a hora e em todas as frentes, sobre todas a mulheres desta sociedade tão evoluída.
A Escravidão, que serviu de base para a criação da riqueza das sociedades mais evoluídas, continua literalmente no tráfico humano e no trabalho forçado que sustenta as cadeias de valor de produtos alimentares e tecnológicos; e dissimuladamente neste sistema de trabalho que nos exige sempre mais tempo e energia para que possamos cumprir os créditos que tão esperançosamente contraímos para sermos felizes pontualmente, quando passeamos os nossos automóveis topo de gama ou quando vamos de ferias para países exóticos onde usufruimos de agua potável em resorts e nos deliciamos com a Cultura local, que é a única moeda de troca de povos que não têm sequer acesso a saneamento básico.
A violação da Ancestralidade de povos, cumprida pelos missionários que pilhavam as suas riquezas em nome de um único deus verdadeiro - que escravizavam os homem e violavam as mulheres em troca de uma promessa de redenção divina; está ainda a decorrer nesses mesmo países, onde famílias inteiras trabalham de sol a sol em troca de tostões que pouco chegam para um saco de arroz.
Aqui, a mesma promessa de redenção toma a forma da promessa de sobrevivência, se o trabalho árduo chegar perto de ser suficiente, para permitir uma crescente acumulação de margens de lucros por aqueles que já têm mais que suficiente para várias gerações a vir.
A Sacralidade da Natureza atrocidada pela aniquilação e deturpação da sabedoria pagã, que compreendia e venerava o principio inteligente da vida e a correlação entre tudo o que existe neste planeta, continua a decorrer na usurpação e esgotamento da fertilidade dos solos trazida pela generalização das monoculturas agrícolas (que permitem mais uma vez a optimização das margens de lucros das poucas empresas que detêm o monopólio da industria agroalimentar mundial), e pela absurda dimensão da industria pecuária.
Seremos capazes de perceber - e aceitar - que esta devoção material e tecnológica veio apenas substituir a devoção cega a um deus absoluto, que nos julgava a partir de um sitio longínquo, que viemos a rejeitar tão bem quando abraçámos o Racionalismo e a Tecnocracia? Que qualquer sistema de Vida que requeira constante luta e sacrifício, não é Natural?
Conseguiremos ter a coragem de assumir a nossa ilusão coletiva e redirecionar a nossa vontade para a denuncia destes abusos?
Conseguiremos reconhecer o nosso papel ativo, e passivo, na perpetuação do poder deste sistema, sem Culpa e em Honestidade?
Conseguiremos dar um murro na mesa e investir o nosso apoio nas novas gerações que já pisam este planeta, sem grandes perspetivas de futuro nesta narrativa, dando-lhes as ferramentas e espaço para cumprirem o seu propósito de construir uma nova sociedade, alinhada agora com as Leis Naturais que conduzem toda a evolução na Terra — as únicas que têm como único interesse a prosperidade de tudo o que é aqui criado?
Chega de Abuso, por favor.
Vanessa A.
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