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:: Ciclo Anual de Vénus [2020-2021]

Atualizado: 14 de ago. de 2020

— Desejos Eticamente Alinhados



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No seu papel como regente daquilo que são as dinâmicas entre o nosso mundo interior e o mundo exterior que nos rodeia (ver Arquétipo de Vénus — Touro & Balança), o ciclo anual de Vénus informa-nos não só dos principais trânsitos que têm o potencial de transformar aquilo que vemos no espelho, mas também daquilo que é suposto aprendermos a mostrar ao mundo e a receber dele.


Refletir sobre o mapa de ingresso de Vénus no 1º de Carneiro todos os anos, ajuda-nos a identificar o papel que a deusa que representa o poder Magnético do nosso Coração terá no contexto maior — nos nossos desafios pessoais e coletivos, e elementos da nossa natureza individual estão a emergir na nossa consciência, aquilo que está a pedir para ser resgatado e a tomar forma a partir do nosso inconsciente.


A última vez que Vénus ingressou em Carneiro foi a 21 de Abril de 2019, enquanto Plutão se preparava para estacionar retrógrado (25 de Abril) aos 23º de Capricórnio e a Lua se encontrava aos 23º de Escorpião — como mudaram os teus Valores? como entraste no teu novo Poder Pessoal?


Depois de um processo profundo de re-encontro com aquilo que mantinha o nosso Poder Pessoal refém em 2019, o ano de 2020 é um ano de "Ambos/E" — um ano de ação e atividade que irá testar a capacidade Humana de estar com o que É, em todas as suas contradições e ambiguidades.


No dia 7 de Fevereiro do ano corrente, Vénus ingressou o signo de Carneiro marcando assim o início de um novo ciclo anual.



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Nesse dia, Plutão estava outra vez nos 23º de Capricórnio, acabado de sair da Grande Conjunção de dia 12 de Janeiro, onde tinha reunido com o Sol, Mercúrio, Ceres e Saturno — o início do fim do Patriarcado estava assinalado. A presença de Pallas-Athena na grande conjunção assinalava também o regresso da Sabedoria do Principio Feminino — a Intuição e a Compaixão como ferramentas para o novo paradigma.


Por sua vez, Vénus fazia os seguintes aspetos:


Trígono à Lua aos 29º de Caranguejo


Em Caranguejo, a Lua assume uma faceta mais madura, que nos fala de conexão emocional, empatia, compaixão e amparo. Este arquétipo remete-nos àquilo que precisamos para nos sentirmos em "casa", o que claramente não é igual para todos.


O símbolo Sabiano dos 29º de Caranguejo mostra-nos "uma musa grega a pesar dois gémeos recém-nascidos numa balança de ouro". Rudhyar interpreta isto como o pesar intuitivo de duas alternativas, ou seja, o papel da intuição combinada com o intelecto na escolha do futuro que queremos criar a cada escolha que fazemos. Ao usarmos também a nossa intuição, poderemos chegar a uma solução que combine as duas alternativas. Simbolizando a ponte entre o passado e futuro a cada momento, a Lua neste grau convida-nos a pesar as nossas memórias do passado, e a intuir o que deve ser usado para construir o nosso futuro pessoal.


Em aspeto fluído com Vénus, vemos iniciar um ciclo onde o Valor Próprio será cada vez mais informado pela Intuição, onde vamos dar mais relevância e valor ao que sentimos e aos mecanismos interiores de obter conhecimento sobre as nossas experiências — inteligência emocional, sabedoria intuitiva e leitura do nosso mundo interior.


Ao nível coletivo, e contextualizando com o ingresso do nodo sul em Sagitário, talvez consigamos criar um futuro onde a tecnologia serve a nossa existência natural — em vez de robotizá-la — se conseguirmos resgatar muito do conhecimento ancestral que a Humanidade recolheu quando vivia em comunhão com a Natureza. Quando o seu entendimento dos ciclos naturais era crucial à sua sobrevivência, quando ler as estrelas era o único método de navegação e quando as trocas humanas na forma de mitos e lendas eram a única fonte de sabedoria, antes da segregação que limitou o conhecimento e a educação a certas classes sociais.


Mas para isso é preciso que nos sujeitemos a largar as narrativas que descrevem estes povos ancestrais como meramente "selvagens" e "não civilizados" — a grande arrogância Racionalista que hierarquizou o desenvolvimento humano pela sua capacidade de usar talheres, por exemplo. Aceitarmos que nem tudo o que aprendemos na escola e nas universidades é verdade. Que existem mais a saber sobre Física do que a maçã de Newton, tal como as experiências que têm mais de 100 anos que validam a hipótese da telepatia. Que a História que lemos nos livros é uma narrativa parcial que, muito honestamente, constrói vilões e heróis de um ponto de vista Patriarcal que nos vende o consumismo e o materialismo, glorificando atos demasiado desumanos que foram e continuam a ser praticados nos bastidores.


Sim, o capitalismo trouxe-nos muito desenvolvimento e vivemos hoje como muitos reis não viveram. Mas a verdade é que deixámos de aceitar muito do que é a base da nossa natureza humana. E não estamos aqui a falar de nada esotérico ou oculto. Muito pelo contrário, estamos a falar de princípios naturais que estão à vista de qualquer um. Não é esotérico acreditar que a Vida segue um sentido evolutivo. Não é oculto que o ser humano vive integrado num ecossistema maior que é a Natureza. Também não é esotérico compreender que cada um tem consigo padrões emocionais e mentais que o faz repetir vezes sem conta as mesma dinâmicas. E também não é oculto que não funcionamos todos da mesma maneira, que existem temperamentos e formas de sentir diferentes.



Conjunção a Chiron aos 2º de Carneiro


A presença de Chiron no ingresso anual de Vénus vai levar-nos a questionar onde estamos a ser chamados a revelar o nosso esplendor, as nossas ferramentas pessoais e a nossa mestria — quem somos afinal?


Chiron está agora num processo gradual de trazer à superfície a capacidade de ensinar e curar que cada um de nós tem. Ele representa a maior ferida de desadequação que carregamos, e o seu longo trânsito por Carneiro fala-nos da parte de nós que sempre sentimos ser desadequada ao contexto social onde nascemos, fosse por exagero ou por incapacidade. No mapa pessoal estará relacionada com a casa onde encontramos o signo de Carneiro, a posição de Marte por signo e casa e os aspetos feitos por ele a outros pontos. Esta posição por trânsito revela-nos como a desadequação na nossa Individualidade alimenta (e resolve) a ferida do Chiron natal.


De forma geral, a conjunção de Vénus a Chiron no início do seu ciclo anual convida-nos a finalmente assumirmos essa desadequação e a dar-lhe Valor, a percebermos como usar as nossas feridas como informativas daquilo que temos de oferecer aos outros, nem que seja a mostrar-lhes que não são os únicos a sentir-se desadequados por determinada razão.


Mais que isso, teremos a ajuda para transformar essa diferença em potencial criativo, em transformar a desadequação em valor próprio — Carneiro mostra-nos que as nossas qualidades individuais e que a nossa diferença é o que permite a evolução coletiva. Ele ensina-nos que aquilo em nós que é diferente de todo o resto à nossa volta é o que nos dá o potencial Iniciador. Sendo o primeiro arquétipo do zodíaco natural, ele mostra-nos que sem a nossa Individualidade, sem aquilo que nos torna diferentes dos outros, o nosso caminho não pode ser iniciado, quanto mais desenvolvido.


Sem a emancipação do Indivíduo da sopa Coletiva (Peixes) não existe experiência humana — seriamos apenas um grande rebanho de clones, um coletivo de seres estáticos porque sem a Vontade Individual, sem o Desejo de Ação Individual, sem as Diferenças que fazem cada um nós um ser único, não haveria sequer movimento.


São as vontades, desejos, exageros e medos em cada um de nós que nos mantêm em movimento como um todo, que nos fazem relacionar-nos, que nos fazem rir e zangar. E é a esta simplicidade de movimento que faz o nosso caminho. Que nos leva ao outro e que nos traz a nós.


O grande desafio e potencial agora é começar por ver estas diferenças como recursos e largar a culpabilidade que foi construída à volta deles nos últimos milénios.

Perceber que ninguém é mais ou menos que ninguém, e que não há nenhum pódio à nossa espera lá no final da nossa vida onde vamos receber a condecoração do Melhor Isto ou Aquilo.

Perceber que enquanto tentarmos esconder esta diferença vamos só estar a passar ao lado das experiências e trocas mais enriquecedoras do que é ser uma pessoa neste planeta.


Semi-sextil a Urano aos 2º de Touro


Muita coisa que respeita ao que tomamos como Valor Pessoal está em mudança com Urano a transitar o signo de Touro, regido naturalmente por Vénus. Este trânsito irá ajudar-nos a aliviar muito peso, muitos fardos e a procurar a nossa Liberdade Pessoal.


Na interpretação dos Símbolos Sabianos por Dane Rudhyar, o grau 5º de Touro está representado por "uma viúva junto a uma campa aberta — a impermanência de todos os laços sociais e materiais". Este ponto do zodíaco fala-nos de como "tudo aquilo que é mais agradável e apreciado perde a sua energia potencial pelo princípio de Integração e Atualização contínuas. Pelo princípio da Auto-Regeneração, emerge para além dos apegos pessoais a possibilidade de participar numa esfera maior de existência. No entanto, esta possibilidade raramente se manifesta se não estivermos dispostos a largar o passado."


A presença de Úrano — arquétipo de Disrupção e Individuação — neste grau, simboliza um ciclo onde o largar o passado é vital para a nossa evolução coletiva e que, a nível individual, esse processo vai ser inevitável. Úrano não se insinua nem faz convites, ele aparece e destrutura o obsoleto apenas com a sua presença.


O aspeto entre Urano e Vénus sugere também uma assinatura de trauma, sobretudo aquele guardado no nosso corpo físico, que quer ser transmutada e libertada, havendo uma necessidade de reconhecer o nosso valor próprio ao libertarmos a nossa essência desse trauma.


Podemos esperar que, a cada contacto entre os dois, Úrano force Vénus a despir um véu, a olhar para uma parte de si que esta considera ser incompatível com a sua imagem mais Virtuosa. E isto será provavelmente feito ao criar experiências onde ela vai reviver os traumas emocionais que a fizeram esconder a sua essência mais Sensual (Touro), as experiências que demonizaram e violaram a sua natureza Magnética que tem um enorme poder Transformativo através na sua expressão Sexual, os julgamentos que deturparam a sua Intensidade Sensorial como algo que é "demais" ou como algo que não é puro ou decente.


Será essencialmente o resgatar da nossa capacidade de "fazer amor com a Vida" em todos os momentos diários.


Urano recebeu também um trígono de Pallas-Athena conjunta ao Nodo Sul aos 7º de Capricórnio — relembrar as qualidades do Princípio Feminino de liderança — as mulheres a relembrar o seu poder intrínseco e o seu papel original e os homens a relembrar o poder das suas qualidades femininas, como a inteligência emocional e a intuição.


Quadratura a Marte aos 24º de Sagitário


Marte representa o arquétipo do Guerreiro Sagrado, o Iniciador e Pioneiro que toma o lugar de Liderança naquela que é a missão da alma.


Ele é o guerreiro pessoal da vontade evolutiva da nossa alma, cuja magnitude ultrapassa qualquer força do nosso ego em resistir a esse impulso evolutivo. A sua força iniciadora é aplicada na transformação e Evolução de forma impulsiva e, quando não é compreendida e dirigida pela nossa atenção consciente, pode tomar vida própria criando então situações caóticas e mais ou menos violentas.


Sendo a centelha de fogo que obedece cegamente à vontade da nossa alma, tomando nas suas mãos qualquer que seja o desafio ou impedimento à revolução necessária na nossa vida, ele traduz-nos a todo o momento quais os confrontos necessários ao desimpedimento do nosso caminho pessoal. A sua força é melhor controlada e usada por nós quando aprendemos a escutá-lo e a colaborar com o seu impulso, sendo então possível transformar a sua acção potencialmente violenta e caótica em acção dirigida e criativa.


Na data do ingresso de Vénus em Carneiro, a quadratura entre esta e Marte aos 24º de Sagitário tinha uma qualidade transitória — desfazia-se a quadratura exata entre Marte e Vénus (conjunta a Neptuno) aos 17º de Sagitário-Peixes (27.01).


Nesta quadratura, o sonho transcendente que Vénus sonhou com Neptuno recebeu a força e coragem de Marte no signo Mutável de Fogo que aspira pela expansão constante de horizontes — Vénus sentiu o Paraíso Etéreo de Peixes, vislumbrou e recebeu no seu Coração a Visão de uma expressão da Humanidade mais compassiva e inclusiva; Marte jurou-lhe a sua espada e a sua lealdade nessa missão, dizendo-lhe que essa é uma Visão possível, se ela aceitar romper com as correntes que a mantêm presa às ilusões de segurança que lhe fecham o Coração.


Naquele momento, Vénus foi relembrada por Marte que ela própria é uma Guerreira e que, com a sua ajuda, ela conseguirá recuperar o seu papel alquímico de Transmutação e renascer para uma expressão completa de quem é — Luz & Sombra.


Estando Marte em Sagitário na altura da quadratura, podemos entender que o novo ciclo anual de Vénus transporta a intenção evolutiva de romper dogmas ideológicos obsoletos à volta do que mais valorizamos.


Sagitário representa o arquétipo da eterna busca pela Verdade e contém em si todos os sistemas ideológicos criados pelo Homem até agora que procuram explicar e apresentar uma definição dessa Verdade.


Ele é a biblioteca onde encontramos todos os conceitos, definições, filosofias, religiões, sistemas espirituais — ou seja, todos os sistemas de crenças que formam ou formaram a Realidade do homem em qualquer linha temporal ou ponto da sua história até ao presente — que expandiram e registaram até agora o nosso conhecimento e as nossas crenças à volta daquilo que consideramos ser a nossa Verdade existencial.


A presença de Júpiter (o seu regente) em Capricórnio, enquanto Marte atravessava Sagitário, sugere-nos que este ciclo anual irá fazer-nos questionar e procurar a Verdade que está na raíz no sistema de crenças Patriarcal que construiu o Capitalismo que seguimos agora tão religiosamente. Poderá finalmente fazer-nos ver e assumir a Verdade no que respeita a justiça social, da igualdade de direitos humanos, da sustentabilidade ambiental.


Ao longo do próximo ano, Vénus irá questionar o conforto de termos as nossas Vidas entregues a outros e irá trazer-nos de volta à nossa Verdade Pessoal. Os períodos retrógrados de Vénus não costumam envolver grandes perturbações. No entanto, o signo de Touro por si regido está a ser ocupado por Úrano, como já foi referido, e onde este planeta actua prevê-se sempre agitações e mudanças profundas. Podemos visualizar assim — qualquer trânsito que Vénus fizer nos próximos anos será para alterar profundamente as bases que a sustentam, rompendo com tudo o que estiver cristalizado e não traduzir honestamente aquilo que ela sentir.


Será durante o seu trânsito por Gémeos que Vénus será mais desafiada na sua missão anual, sendo necessária a coragem de enfrentar e reconhecer a Verdade que irá partir-lhe o Coração — despir-se da Ilusão criada por si mesma quando constrói narrativas escapistas e confortáveis que a escondem por detrás de uma figura feminina Virtuosa — e de mergulhar no submundo das mágoas que tem evitado, de onde irá emergir como Rainha de si e digna de manifestar o seu Valor, não aceitando nada que lhe seja aquém.


Ao longo do seu período em Gémeos, onde fará a sua retrogradação, Vénus receberá três quadraturas de Neptuno em Peixes — serão momentos onde ela será relembrada da Visão que motivou inicialmente a sua missão de Renascimento; onde ela ouvirá a mensagem de Marte naquele momento meses atrás, que enquanto ela lutar pelo seu Coração não estará sozinha.



por Vanessa Assunção






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