:: Vénus em Caranguejo — parte 2/3
- Vanessa Assunção
- 17 de ago. de 2020
- 7 min de leitura
Atualizado: 27 de ago. de 2020
— O Mergulho de Vénus e a Expansão do Coração
O trânsito de Vénus por Caranguejo é fortemente marcado por confrontações às estruturas do passado e por escolhas.
Depois de perceber qual a intenção deste trânsito, olhando para os aspetos presentes no mapa do seu ingresso em Caranguejo (ver Vénus em Caranguejo — parte 1/3), conseguimos seguir os movimentos ao longo deste período.
E eles merecem um espaço só para si neste artigo, pois estarão a colidir e a interagir com trânsitos maiores, que marcam uma transição pivotal neste ano de 2020.
Bem vindos ao exame final — consegues manter-te no processo enquanto ainda não vês os resultados que queres?

Ao longo da segunda metade de Agosto e primeiros dias de Setembro, estaremos a empunhar todas as ferramentas que adquirimos até aqui e a prepara-nos para entrar no último quarto do ano, onde iremos assistir à fase final da transição dos tempos, com os ingressos de Júpiter e Saturno em Aquário (e simultânea grande conjunção) a bater em Dezembro.
Até agora estivemos a experimentar, a tentar reviver o passado, a destruir e a desconstruir, a separar o trigo do joio e a juntar as peças que vamos usar no puzzle que será a nossa nova Identidade Pessoal — renascida com a quadratura de Vénus a Marte, aos 28º de Caranguejo e Carneiro, respectivamente; e dando os primeiros passos de bébé quando Vénus atravessar Leão em Setembro.
Este mês apresenta-se muito focado em dinâmicas que, por um lado, nos mergulham na purificação da água de Caranguejo (mais umas voltas no tanque das inseguranças) e por outro, acendem o fogo alquímico da Transmutação ao nível mental (novas certeza do que queremos e não queremos) — isto enquanto nos encurralam, frente a frente, com os fantasmas do passado.
Estes fantasmas, que estivemos até agora a expulsar da nossa "casa", vão voltar a bater-nos à porta. Aí teremos a oportunidade de lhes pedir que não voltem, de lhes afirmar que não queremos mais nada com eles.
Ou vão entrar por uma janela, e aí teremos de perceber quem a abriu. Quais ainda não tinham sido expulsos e que vieram a deixar os outros entrar novamente.
A boa notícia é que, com o Grande Trígono em Fogo e com Marte a trabalhar connosco, mesmo que eles voltem não será já tão difícil voltar a expulsá-los de vez — já lhes vimos as caras, já lhes conhecemos as manhas e temos na mão a espada do Guerreiro (não esquecer que ela tem a sua vontade própria também).
[Marte] é o guerreiro pessoal da vontade evolutiva da nossa alma, cuja magnitude ultrapassa qualquer força do nosso ego em resistir a esse impulso evolutivo. A sua força iniciadora é aplicada na transformação e Evolução de forma impulsiva e, quando não é compreendida e dirigida pela nossa atenção consciente, pode tomar vida própria criando então situações caóticas e mais ou menos violentas. (excerto do artigo Ciclo Anual de Vénus 2020-2021)
15 de Agosto — Lua em conjunção a Vénus aos 8º de Caranguejo
Saltando já para os episódios mais importantes deste final de temporada, tudo começa com a conjunção da Lua a Vénus aos 8º de Caranguejo, ambas em quadratura a Chiron aos 9º de Carneiro.
Neste ponto, a Lua estará na fase balsâmica (muito minguante) do ciclo lunar que iniciou a 20 de Julho, com a Lua Nova em Caranguejo.
Depois de três ciclos lunares seguidos no eixo Caranguejo-Capricórnio, a Lua Nova em Leão traz uma dramática mudança na vibração coletiva.
O nosso foco emocional vai deixar a energia Feminina de Caranguejo, tão preocupado com os laços com outros, e entrar numa energia Yang, onde o foco se dirige à nossa Identidade e onde sentimos a vontade de nos focarmos em nós.
Esta é também a lunação que marca a passagem de Vénus pelos últimos graus de Caranguejo, já que na próxima Lua Nova em Virgem (17.09), Vénus estará já a atravessar Leão — depois de largar as co-dependências (sobretudo com os nossos próprios padrões emocionais que nos mantinham presos), vamos começar a por em prática as novas decisões e a organizar as nossas acções futuras.
A fase balsâmica de um ciclo entre dois planetas fala-nos sempre da Dissolução completa dos padrões de funcionamento entre esses dois arquétipos no passado. Aqui, a Lua (que por si já representa o passado emocional recente que está em funcionamento ao nível do Ego) em conjunção à Vénus, pede-nos para esclarecer definitivamente que passado não queremos repetir e quais os Valores Pessoais que queremos levar para o futuro.
Pede-nos só mais um bocadinho de paciência no processo de largar essas amarras emocionais para ter a certeza que fica bem esclarecido em nós o que vale a pena carregar daqui para a frente.
Mesmo que a decisão seja reconstruir algo que nos acompanha há muito, que essa decisão seja feita porque sentimos verdadeiramente no nosso âmago que esse é o caminho que vibra com a Essência que queremos brilhar a partir de agora — que não seja feita mais uma vez porque achamos que não há mais nada lá fora para nós.
O símbolo sabiano do grau 8 de Caranguejo reflete "A Tendência em todas as formas de Vida em imitar formas mais evoluídas ou avançadas como estímulo ao crescimento".
Ou seja, aponta para "o fator essencial, em todas as primeiras tentativas de desenvolver a consciência e o crescimento, de tendermos a associar-nos com aqueles que alcançaram já um estágio mais avançado — um Exemplo".
Até a Lua deixar Caranguejo a 17 de Agosto, em vésperas de uma Lua Nova que traz imensa intensidade com o Grande Trígono de Fogo, reflitam sobre que exemplos têm seguido como referência para como iniciam e mantêm as vossas relações (convosco próprios também).
Que narrativas, crenças e assunções querem deitar na fogueira do próximo dia 19 de Agosto? Que amarras querem finalmente queimar dentro de vocês? Que vozes querem calar?
Que novos exemplos e referências querem seguir daqui para a frente, que vos falam mais perto do Coração? Que traduzem os vossos sonhos e Valores?
Por onde vão recomeçar o processo de Aprendizagem contínuo que é conhecerem-se a vocês mesmos e a Honrarem a vossa Essência Pessoal?

15.08 a 23.08 — Vénus em sextil a Urano em Touro [exata a 18.08]
Vénus estará a aplicar um sextil a Urano em Touro desde o seu encontro com a Lua no dia 15 de Agosto até dia 23, sendo assim um importante participante na dinâmica da Lua Nova em Leão (19 de Agosto).
Nesta etapa da Fase Crescente do ciclo de Vénus com Úrano — que iniciou com a conjunção a 9 de Março aos 5º de Touro —, as experiências impulsivas da Fase Nova até meados de Abril (discriminadas e organizadas até ao final de Julho e digeridas desde o início de Agosto), podem agora começar a trazer alguns insights e sugestões sobre a nova forma de actuar quando atingirmos a quadratura a 4 de Setembro.
No entanto, esta é ainda uma altura de finalizar essa digestão, embora possamos já ter uma ideia da nova identidade de Vénus (a nossa Essência e Segurança em viver os nossos Valores Pessoais) que está a ser gerada com a influência de Úrano (novas formas de pensar, sentir e atuar) em Touro, um dos dois signos que ela rege (podes rever o perfil arquétipo de Vénus aqui)
Com Úrano em Touro, a Vénus em Caranguejo pode iluminar questões que rodeiam o paradoxo do Amor Próprio vs Desejo de Partilha.
É muito comum nos dias que correm ser-nos dito que a edificação de um Amor Próprio deve ser a prioridade, pois sem ele não conseguimos amar o outro de forma saudável.
Esta é uma ideia muito válida em si e deve ser sim o epicentro da nossa estrutura emocional.
No entanto, é importante não deixar que se torne num extremismo que funciona como auto-sabotagem ao evitar aquilo que é o crescimento a dois — até que ponto conseguiremos construir essa relação connosco próprios sem as dinâmicas com os outros?
Quando conseguiremos ter a certeza de que o nosso Amor Próprio é sólido e cumprido sem os desafios que as relações íntimas nos trazem?
Acredito que na verdade esse Amor Próprio é tão dinâmico na sua definição quanto são as interações com o exterior — afinal aquilo que acreditamos ser e valer está em constante reconstrução por aquilo que vamos recebendo e trocando — e é uma ilusão acreditar que algum dia daremos por acabado este processo de nos conhecermos e onde teremos um Amor Próprio definitivo, infalível e à prova de mágoas.
É simplesmente uma perda de tempo esperarmos pela Cura de todas as nossas feridas e inseguranças pessoais para aceitarmos o desafio da intimidade com outro. Isto aplica-se tanto a relações românticas como às restantes relações — existe sempre um nível de intimidade desejável e um benefícios em sermos Autênticos com companheiros, amigos, família e até colegas de trabalho.
Este período vai levar-nos a questionar e a ponderar qual é a nossa posição neste paradoxo — até que ponto acreditamos ser possível estarmos seguros no nosso Amor Próprio e ainda assim querermos ser amados por outro alguém.
E até que ponto estamos disponíveis para assumir que construir a noção de Amor Próprio não só não invalida o nosso desejo por Intimidade, Pertença e Companheirismo, como também não nos torna mais fracos por admiti-lo.
A chave desta etapa, não só pela dinâmica entre Caranguejo e Touro, mas também por se tratar de um sextil em Fase Crescente (reflexão e ajuste para acção mais consciente), é precisamente a expressão mais evoluída de Touro.
"A Lealdade entre duas pessoas em relação baseia-se em cada uma ser leal a si mesma. Precisamos estabelecer um laço de lealdade connosco mesmos antes que possamos ser leais a outro de forma saudável.
Por exemplo, lealdade para consigo mesmo implica comunicarmos honestamente ‘não me sinto confortável com isto‘, ao invés de invalidar as nossas necessidades pessoais para nos adaptarmos ao nosso parceiro.
Implica tomar uma posição de Integridade — com base no que sentimos que é correto — e mantermo-nos nesse lugar, em vez de ocupar diferentes posições conforme a direcção de onde a validação parece mais provável vir.
Ao vivermos de acordo com os nossos valores, permitimos que a pessoa certa nos responda e apoie. E isto implica estarmos disponíveis a arriscar perder os nossos companheiros. Se permanecermos fiéis a nós próprios, revelando honestamente o que o nosso conforto ou desconforto interno diz, a outra pessoa pode validar-nos e aproximar-se mais de nós, ou então pode deixar-nos e deixar o espaço aberto para alguém mais apropriado."
(traduzido e adaptado de Jan Spiller)

Fontes: "Astrology for the Soul", por Jan Spiller
por Vanessa Assunção
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