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:: Sol em Leão 2020 (23.07 - 22.08)

— Espelho meu, no meio disto tudo quem sou Eu afinal?



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foto @AlexanSarikamichian


Nas próximas semanas o Sol estará a atravessar o seu domicílio, ou seja, o signo de Leão, por ele regido.


Pertencendo à Trindade de Fogo no zodíaco natural, o arquétipo de Leão representa o Fogo Solar, a energia que irradia do indivíduo integrado em Si, quer seja na forma de radiação espontânea de energia aparentemente nuclear, ou de forma mais consciente através de emanações focadas pela mente.


O movimento simbólico da energia de Leão é a ascensão da energia do Coração para a Mente Consciente, um processo de "mentalização". No entanto, a transmutação da Energia Vital em Energia Mental é um processo difícil que requer uma estrutura de Ego formada e firme — uma lente pura cristalina que foque a luz do Coração sem introduzir as sombras do orgulho possessivo e do protagonismo.


O arquétipo de Leão tem a missão de iluminar o Coletivo através do foco conduzido da nossa Identidade Pessoal, contribuir para o todo com aquilo que temos de melhor a nível individual.


No seu maior potencial, Leão reconhece o seu valor pessoal e encontra a expressão criativa que melhor serve o grupo, com a humildade de reconhecer que os outros têm também o seu valor individual. Ele não tem medo de Brilhar pelo que é, mas também não tem medo de deixar os outros brilharem quando é a sua vez.


Ele aceita o desafio de expressar quem é longe dos espelhos e de procurar o palco que melhor lhe permite desempenhar o seu papel, sem medo de uma audiência reduzida. Ele mantém-se fiel ao seu brilho pessoal e não aceita deformá-lo em troca de uma plateia maior.


Ele sabe que só assim pode ter o reconhecimento que realmente procura — a Honra e a Dignidade de não ceder ao que não está à sua altura e de se manter Fiel àquilo que tem para oferecer ao Mundo.



O 5º Arquétipo no Mapa Pessoal


No mapa astrológico pessoal, o Sol é o único participante que não carrega um passado evolutivo por si — ele é o ponto de integração do resto do mapa.


Representando o potencial máximo da expressão criativa do indivíduo, onde o passado e o futuro se mergem no presente, ele é para toda a dinâmica da psique aquilo que é para o nosso sistema solar — o ponto gravitacional à volta do qual todas as funções psíquicas revolvem. É neste ponto onde todas as experiências são integradas com o intuito de actualizar o nosso propósito individual.


Na análise astrológica dos trânsitos em relação ao nosso mapa pessoal, o contacto do Sol com qualquer planeta ou aspeto pessoal ilumina as dinâmicas neles representadas — funcionando como um foco de Luz (entenda-se Consciência) a incidir num palco onde decorre uma peça de teatro, ele dirige a nossa atenção para os atores em destaque. Esse foco de Consciência convida-nos a integrar qualquer dinâmica por ele iluminada na totalidade da nossa Identidade e a dirigir qualquer ajustamento à nossa Missão Individual no Coletivo.


No nosso mapa pessoal ele rege não só a posição do signo de Leão, mas também a 5ª casa — a área da nossa vida onde nos é mais acessível a expressão autêntica e criativa de quem somos, da essência pessoal formada no arquétipo de Touro (2ª casa do mapa) — e os mecanismos que facilitam ou bloqueiam essa mesma expressão (planetas e aspetos presentes na 5ª casa).



O ingresso do Sol em Leão — aspetos principais


No contexto do ingresso do Sol em Leão a 23.07 deste ano (ver Preparação para Vénus em Caranguejo), ele estará a acompanhar os ingressos de Mercúrio em Leão e de Vénus em Caranguejo. Marte em Carneiro estará a preparar-se para o seu período retrógrado, já em pré-sombra, mostrando-nos já quais as dinâmicas em nós que vão estar em foco nesse período.




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No dia 23.07, quando o Sol ingressava Leão, a Lua ocupava os 29º desse mesmo signo. A Lua, como símbolo das memórias e do conteúdo emocional do passado que procuram ser iluminados pela Luz da Consciência representada pelo Sol, mostra-nos o contraste entre o que carregamos e o que queremos criar de novo.


O símbolo sabiano deste grau mostra-nos "Uma sereia [que] emerge das ondas do oceano para o renascimento na forma humana — um impulso intuitivo intenso a emergir do inconsciente, prestes a tomar forma consciente racional".

Rudhyar refere que a sereia representa aqui um estágio de consciência ainda parcialmente envolvido pelo oceano do inconsciente coletivo, perpetuamente elusivo e em movimento, mas já parcialmente formado na mente consciente. Ele associa a este símbolo o desejo presente por trás de qualquer auto-expressão criativa, de concretizar na forma física uma energia inconsciente.


Este impulso intuitivo está simbolizado no trígono que a Lua está a fazer ao Nodo Sul coletivo aos 29º de Sagitário — existe uma verdade guardada no nosso passado (individual e/ou kármico) que está a procurar ser assumida e libertada, ao ser iluminada e integrada pelo Sol.


Quem teve oportunidade de ler sobre o Ciclo Anual de Vénus em 2020-2021, conseguirá perceber como entramos agora numa segunda metade da missão de Marte (conjunto agora à Lua Negra Lilith, em Carneiro) em libertar Vénus de narrativas castradoras da sua natureza mais oculta — o princípio do Feminino Selvagem — aquela parte escondida por detrás da imagem socialmente definida do Feminino Virtuoso (a oscilação entre Carneiro e Balança).


E isto aplica-se não só às mulheres, mas a todos que sentem haver uma parte de si que tem sido castrada pelas crenças do socialmente aceite. Falamos das mulheres, das minorias, das vítimas silenciosas de todos os tipos de abusos, dos homens que estão fartos de não poderem ser sensíveis ou de não poderem mostrar insegurança e dor. Falamos daquilo que alimenta a nossa revolta interior, daquilo que nos diz que não podemos ser, daquilo que nos obrigam a calar.


Na origem deste impulso de quebrar silêncios está o sabermos intuitivamente que não há nada de errado em contarmos a nossa história, que esta supressão dos nossos instintos mais humanos não é natural e que é a distorção destes mesmos instintos que está na origem dos atos mais desumanos que continuamos a assistir à nossa volta. Porque no fundo, e apesar das justificações racionais que inculpabilizam quem comete os abusos, todos sabemos no nosso coração que isto é errado. No fundo sabemos que não está a resultar.


E é esta mensagem que está a tentar tomar forma numa expressão que comunique aquilo que realmente nos revolta, seja a nível individual e/ou coletivo. A Lua em sextil ao Nodo Norte coletivo aos 29º de Gémeos simboliza o potencial criativo deste ciclo — em encontrarmos as palavras que traduzem a nossa Verdade e em denunciar os sistemas de crenças que insistem em silenciar aqueles que são marginalizados (ao nível individual, a parte de nós marginalizada até agora).



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foto @i_ampatrick


A oposição do Sol a Saturno rx aos 29º de Capricórnio mostra-nos que existem limitações socialmente impostas — e que já adotámos para nós — que precisam de ser largadas se ambicionamos ultrapassar estas castrações.

A dupla inconjunção de Saturno à Lua e ao Nodo Norte diz-nos que é precisamente a expressão criativa da nossa Autenticidade a chave para sabermos o que largar, que o processo vai acontecer ao re-encontrarmos o que faz os nossos olhos brilhar.

A certeza do que queremos largar não virá da análise do que está fora de nós, mas do assumir quem Somos, simplesmente porque o velho sistema patriarcal continuará a insistir que nele está a solução para a nossa Luta pessoal.


Ao longo do percurso por Leão, o Sol irá fazer também aspetos a Urano em Touro e Chiron em Carneiro — o assumir das cicatrizes e vulnerabilidades, necessário se queremos deixar de resistir à mudança necessária, e o poder pessoal que advém de as aceitarmos como nossas ao invés de as vermos como fraquezas.


O arquétipo de Leão fala-nos também em nos libertarmos dos traumas (Aquário) que dalguma forma deturparam o nosso sentido de Valor Próprio (Touro), e recuperarmos a Alegria de Viver.


A chave aqui, para conseguirmos ultrapassar esta barreira de medo em nos assumirmos como inteiros (Sol em Leão), está mesmo em perceber que TODOS carregamos esta diferença (Chiron em Carneiro), que o cenário onde existem pessoas sem inseguranças e dificuldades é um mito. E que todos temos a obrigação da auto-responsabilidade (Capricórnio).

Que o esforço não deve estar investido em chegar a algum modo de perfeição, mas em nos mostrarmos como seres humanos e inspirar uma sociedade inclusiva (Aquário), onde aqueles que nos seguem não sentirão medo de Viver por sentirem que são menos que aquilo que são. A coragem deverá estar em dizer "Eu também" e em denunciar estes padrões irreais de expectativas sociais (Marte em Carneiro em sextil a Vénus em Gémeos).


A solução está em manifestar o oposto polar de Leão — o arquétipo de Aquário, que traduz a união pela Diferença e nos fala do potencial criativo da diversidade Humana, o verdadeiro sentido de Comunidade.


Mas para isso é preciso denunciar todas a formas em como o condicionamento social (Capricórnio) nos faz esconder essa Diferença, e isto passa em primeiro lugar por refletirmos quais deles já interiorizámos em nós, como os perpetuamos, e até que ponto encontramos segurança emocional neles (Mercúrio em Caranguejo).


Entender que estamos todos na mesma tempestade, mas não estamos todos no mesmo barco — perceber que não nascemos todos com os mesmos privilégios — mas definir os nossos limites pessoais e até que ponto a nossa ajuda é funcional.

Perceber que nem todos os que não conseguem subir na hierarquia social são preguiçosos. Perceber também até que ponto a nossa ajuda àqueles que nos são próximos estará a alimentar as suas zonas de conforto. Perceber até que ponto o nosso sacrifício pessoal acaba por validar os seus padrões de vitimização, e até que ponto ele valida a nossa necessidade de sermos reconhecidos como vitais na vida de alguém.


Assumirmos a responsabilidade de definir os nossos Limites Pessoais, e refletir isso a quem nos rodeia, como um Espelho e como exemplo de Coragem.



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por Vanessa Assunção

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